New Age: A Ascensão de Uma Juventude Para Outra
New age é um gênero musical desprezado e incompreendido por muitos fãs
de música. Mas sua hora finalmente chegou. Uma compilação chamada “I Am the Center: Private Issue New Age Music in America”,feita Douglas McGowan contextualiza
esse gênero de um jeito incrível e vem chamando atenção de muita gente que até
então o desprezava. E se já houve um momento para a new age, esse momento é
agora.
O que ficou
conhecido como new age é um resultado de uma cultura dos chamados baby
boomers, jovens do pós Guerra do Vietnã,
muitos ativistas de movimentos sociais e usuários ou adeptos do uso de drogas
que estavam se recompondo culturalmente nos anos 70. Eles buscavam respostas e
alternativas ao sistema capitalista e a dura realidade de animosidade política
em religiões esotéricas, cultos, programas de recuperação, autoajuda e estilos
de vida alternativos. Segundo Brian Eno, no final da década 70 muitas dessas
coleções independentes eram gravadas não só pelo prazer de se ouvir, mas como
meditação, relaxamento, autoafirmação e autoajuda. Isso criou um gênero musical
que era vendido de um jeito diferente das gravações de jazz, rock e soul. A
lista de artistas mais conhecidos dessa era inclui: Joel Andrews, Joanna Brouk,
Wilburn Burchette, David Casper e Michael Stearns, entre outros.
John Coltrane, 1963.
Cantor de Free Jazz
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Música new
age estava com tudo nos anos 70 para os 80, na época em que era possível gravar
um disco de qualidade em casa. Vários dos melhores álbuns foram gravados pelo
próprio artista, plugando seu teclado num gravador ou tocando um instrumento na
frente de um microfone. Antes da internet, ter acesso à esses discos dependiam
de pequenas lojas de música ou livrarias independentes. Os Músicos desse gênero
procuravam ter um relacionamento com algo além do mundo material, levando a
vida de forma mais espiritualizada. A criatividade guiada pelo” cosmos” era o
mote dessa turma que também se inspirava em gêneros familiares como o spiritual
free jazz, o rock psicodélico ou o folk social ou político.
O New Age
voltou com tudo nos anos 90, impulsionado por uma nova onda de busca pela vida
alternativa frente ao avanço do neoliberalismo mundial, o que resultou em toda
uma cultura neo-hippie que também influenciou na música. Muitos artistas da new
Age de duas décadas atrás vendem sua música da mesma forma que os pioneiros do
gênero musical: gravando e distribuindo de forma independente.
Esse estilo ligado
a juventude e suas formas de encarar a cultura e a produção artística, foi formado
principalmente pelas desilusões jovens do pós guerra e há menos tempo, nos anos
90, vista como alternativa a feroz globalização mundial que também globalizou
os padrões musicais e artísticos, new age é o que se pode chamar de música
jovem. Tanto pelo contexto de sua produção quanto pelo seu conteúdo, que por
conter referências de religiões exóticas e mesmo construções sonoras
diferenciadas, atrai um público questionador e inovador, duas características
facilmente encontradas entre a juventude. De fato, música feita de jovens para
jovens.
Entre você também nesse buraco!
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