As Crônicas de Japa

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As Crônicas de Japa



Introdução

   Desde pequeno eu sempre fui de ficar fazendo “macaquices” por aí: Ficar se pendurando nos brinquedos do playground, tentar pular de um obstáculo ao outro etc. E com o passar dos anos, as coisas não mudaram muito, continuei usando a pouca habilidade que adquiri quando criança, mas agora, fora do playground: subia em muita árvore para apanhar frutas, pulei muita laje pra pegar bola que algum perna-de-pau isolou e também escalei muito portão pra fugir de cachorros (eu já tive muito medo de cachorro).
Então se me perguntarem como foi minha experiência com o Parkour, eu vou responder que foi bem normal a primeira vista (só foi o 1° round ainda), pelo fato de eu sempre ter gostado desse tipo de esporte, e foi aquilo mesmo que eu esperava, só que nunca tinha praticado (até agora) com pessoas que levam a coisa a sério, acho que foi por isso que levei umas broncas, até então, entre meus amigos, os meus “parkours” eram casuais (como disse no 1° parágrafo), mas para o povo que pratica seriamente, a pegada é outra, tem toda uma técnica e estilo, como qualquer outro esporte (o futebol, por exemplo, que costumava treinar sempre), então até aprender a domar algumas técnicas, levei algumas broncas e até fui zoado também, mas com razão, pois estava fazendo errado os movimentos, fazer essas coisas nunca foi tão difícil para mim, mas com essas aulas eu estou aprendendo técnicas.
1° Dia – Introdução ao Parkour

   Marcamos com o professor Akira para eu e mais um amigo frequentarmos as aulas (uma por semana), foi sabadão na Praça da Sé, estava um baita dum calor radioativo 40 graus na hora, também, 10 horas da manhã!
Nesse primeiro treino, fui eu (obvio, a cobaia fixa) e meu amigo Mikael, a gente deu um oi geral pra galera que já tinha chegado e nos sentamos no murinho que escalamos (pelo menos eu, o Mikael travou e não conseguiu!), a gente chegou cedo, pois o professor ainda não tinha chegado, quando ele chegou nós no apresentamos, combinamos a entrevista, (isso é um trabalho universitário!) o preço da aula e etc. Depois disso, o Akira sugeriu para a gente treinar e depois fazer as entrevistas, mas era isso que o Mikael pretendia (fiquei sabendo que eu seria a cobaia nesse instante), daí fui percebendo que a  galera era da zoeira, passava mulher, o povo mexia, passa um bêbado, idem, até eu fui vitima, tanto é que ganhei o apelido de Japa (melhor do que Bola, o apelido do Mikael), vamos dizer que a Sé é um prato cheio para zoeira, pois lá você vê um figura por metro quadrado.
Agora um pouco do treino, mas antes de começar com os “parkour”, a gente teve que fazer uns aquecimentos, uns mais que os outros, pois quem tivesse de braços cruzados teria que pagar 10 flexões (pobre Mikael) e quem não respondesse o “alfa” do professor também tinha que pagar também (uma espécie de grito de guerra, o professor gritava “alfa”, a gente tinha que responder “urra”).
Olha, pra quem não esta acostumado com esportes, iria morrer no treinamento, ainda mais no calorão que estava, ficamos um bom tempo nos aquecendo, digo fazendo exercícios e ao pé da letra! Só paramos para comer algo.
Agora sim começou o Parkour! O exercício era simples, a gente tinha que pular umas rampas que tinha lá mesmo, foi nessa parte que levei as broncas porque estava fazendo errado os movimentos, o professor disse que eu tinha boa impulsão, mas falou também que era “porra louca”, pelo fato de não prestar muita atenção e querer fazer as coisas correndo, isso é verdade, mas não quer dizer que eu fiz as coisas daquele de propósito, a verdade é que eu estava ansioso pra começar, aí queria mostrar meu melhor, mas no fim, mesmo com certa dificuldade, consegui fazer os movimentos certos, minha canela agradeceu, porque sempre que errava batia a canela na rampa, já o Mikael tinha parado de treinar (pra tirar fotos e descansar também! O cara tava mortão!), mas é claro que nem todos estavam só pulando rampas, tinha uma galera mais avançada faziam exercícios muito mais desafiadores como pular muros e obstáculos, eu ainda não estou apto pra treinar com essa galera, e fiquei só nas rampas mesmo. No fim do treino, rolou um papo geral do pessoal, com o professor comentando nosso progresso, depois disso cada um tomou seu rumo, no meu caso, eu peguei o metrô e fui para estação Liberdade.

2° Dia – Treino com direito a show no final

   Pra falar a verdade (e para eu descansar também), essa parte dois vai ser bem curta, não aconteceu nada tão diferente do que eu fiz no treino do primeiro sábado, não de se surpreender, não posso fazer nada mais avançado com só dois dias treinos, de novidade mesmo tenho duas coisinhas: nunca usei tanto Cataflan na minha vida e dessa vez até ouvi um show gratuito! O treino de hoje também foi na Sé, mas dessa vez os mendigos estavam inspirados, com instrumentos improvisados (garrafa com pedras viraram chocalho, baldes de tambor) eles nos presentearam com um show de música ao vivo com músicas clássicas como “Paranauê” e “Não deixe o samba morrer”.

3° Dia – Fotógrafo novo, treino novo

   Dessa vez nossa academia (ao ar livre hahaha) foi na vergueiro, mais precisamente do lado da estação de metrô, pensei que tudo seria normal como os primeiros dias, mas não foi bem assim.
Em primeiro lugar, eu acordei atrasado pra caramba, o horário marcado era às 10h, e o mané aqui acordou 9h50 (moro razoavelmente longe da Vergueiro), ou seja tive que sair acelerado, sorte que meu novo amigo Hygor (o Mikael, o Bola. Não pode ir)  já estava lá, então pedi pra ele ficar treinando no meu lugar enquanto não chegava (foi difícil falar com o cara no celular, ele ficava me ligando a cobrar pra não gastar crédito). Enfim, no fim das contas, eu consegui chegar no treino só com 40 minutos de atraso, saí de faltando dez pra começar, nada mal, eu acho que sou meio queniano quando eu preciso!
- Paga dez flexões aí. O professor (Akira) falou pra mim.
Merecido, eu cheguei atrasado mesmo, mas até que foi bom, a galera estava só estava aquecendo aquela hora, então não me cansei, cansado mesmo estava o Hygor que ficou treinando no meu lugar, e também ganhou um apelido (Sombra, por causa da mancha branca escrota que ele tem na sobrancelha). Para minha alegria, os treinos dessa vez foram diferentes, a gente fez de tudo; Pulamos muros; nos penduramos em árvores, foi muito legal, eu consegui ir bem na maioria dos exercícios (menos na hora de escalar o muro, eu sou baixinho e isso dificulta as coisas), já o Hygor, assim como o Mikael, demostrou uma falta de habilidade acima do normal do jovem paulistano, o cara não conseguia pular nem uma mureta. Conclusão, o treino de hoje foi legal pra caramba, a galera foi gente boa comigo e dá-lhe Cataflan quando cheguei em casa.

4° dia – Ultimo dia?

   Para não me demorar muito, vou fazer um resumão: O encontro foi de novo na Vergueiro, com a mesma performance vexaminosa do Hygor, mas hoje o treino foi ligado na dificuldade HARD; aquecemos; subimos e descemos escadas usando os braços e as pernas juntas; fizemos exercícios de técnica (o Hygor não conseguiu completar nenhum deles), se eu quisesse resumir o treino do quarto dia em  música, eu escolheria “The final countdown” ou “Eye of the tiger”.

Mas infelizmente esse 4° dia pode ser meu último (o último bancado pelo meu grupo da faculdade, pelo menos), pois o combinado era pra eu vivenciar a vibe do Parkour por um mês para fazer esse diariozinho meia boca que você esta lendo agora (minha mãe e professores vão ler), então pra terminar gostaria de deixar claro que a experiência foi ótima, a galera é gente fina, eu recomendaria para todos, é só ter a consciência que no Parkour você vai suar e pode até rolar pequenas lesões, apesar que são esses riscos que me fizeram me interessar pela modalidade. Acho que esse quarto dia não foi necessariamente o último, o Akira (o instrutor) disse que poderia oferecer uma vaga na turma dele pra mim se eu tivesse interessado em continuar treinando, e mais, o Parkour vai sempre estar presente dentro de mim, nas horas que eu esquecer minha chave e precisar pular a laje da minha casa ou quando eu tiver que pular um muro pra escapar de um cão raivoso.      

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