"Abre-te! Abre-te! Abre-te"
A
arte musical de Raul Seixas sempre foi acompanhada de marcantes características
visuais, assumindo desde o início um viés performático. Constantemente reinventava suas músicas e seu próprio personagem.
Em tempos de uma política avessa à liberdade de expressão, levantou
questionamentos constantes, incitando o livre direito de realização individual
e social, através de suas letras, códigos e figurinos. Sim, também o figurino. Afinal,
sabe-se que as roupas dos artistas musicais
sempre influenciaram na sua imagem, como por exemplo, os trajes de Madonna que
chocavam o mundo, ou os dos Guns and Roses que influenciaram o movimento
grunge, Cindy Lauper com suas roupas extravagantes e seus cabelos coloridos,
entre tantos outros exemplos.
Geralmente astros com características rebeldes,
tendem a influenciar mais, principalmente os jovens. Pois a linguagem visual é
inteiramente carregada de símbolos que atingem o subconsciente, revelando
muitas intenções, ações, sentimentos e situando o personagem no ambiente
social, temporal, regional e cultural. Em
seu processo criativo, Raul trabalhava o LP (disco) como uma obra total,
abrangendo desde o tema, as letras, as composições, figurinos, até as capas e
fotos.
Mas Raul Seixas ‘abusava’ mesmo era de
mensagens em suas músicas. Por exemplo, em Ouro de Tolo, falou do
sentimento de tédio e ausência de realização pessoal. Carimbador Maluco é
uma música anárquica, que ajuda o povo a clamar por eleições diretas, deixando
claro o aborrecimento com a ditadura. Em músicas como Por Quem os Sinos
Dobram, ele estimula a coragem. Sapato
36 foi escrita metaforicamente para fazer alusão ao regime
militar, um opressor e um oprimido. A música Metrô Linha 743 alerta sobre o perigo de
ser apanhado pensando e de um possível extermínio como castigo, também ligado à
ditadura militar. Mamãe Eu Não Queria,
faz crítica ao sacrifício de servir ao exército e morrer pela pátria.
Capa do LP "Abre-te Sésamo" |
As pressões contrárias ao livre direito
de expressão funcionaram para Raul e muitos artistas como força catalisadora. Desenvolvendo
seu processo criativo. E Raul utilizou a metáfora como recurso de camuflagem
ideológica diante da censura. Como ocorria nos palcos, antes de cantar sua sátira à anistia
política Abre-Te Sésamo, gritava
dezenas de vezes: “Abre-te”, com a
platéia em coro, movimentando o braço como um maquinista de trem, como se
quisesse abrir caminho para a liberdade com a força daquele gesto.
Na canção
Geração da Luz, Raul deixa um ‘testamento’, onde diz
que a semente que ajudou a plantar já nasceu, e que vai embora apostando na
nova geração, nós. E nos depois de nós.
Raul Seixas, filósofo, escritor, músico,
artista, cumpriu com sua tarefa de propôr soluções, e emprestou a voz ao povo
para falar de seus direitos. E sua música não fica apenas na área política ou
social, mas se aprofunda na tentativa de uma libertação pessoal, para cada um
de nós. Seu legado permanece vivo e sua voz está por toda parte, na publicidade,
nas novela, filmes e claro, tem sido regravado por muitos cantores brasileiros.
Curtam nossa página, malucos
beleza!!!!
0 comentários: